Pedro Neves

Maçonaria - Esoterismo - Simbolismo

Textos

MAÇONARIA - 044 - ORIGENS INICIÁTICAS 7.1 - A GRÉCIA
7.1
A GRÉCIA

Na Grécia, como na China, Índias e no Egito, encontramos uma iniciação que estabeleceu, à margem da religião oficial, um ensinamento esotérico, reservado a uma elite e que não era concedida ao adepto senão após certas experiências que asseguravam a sua constância e a idéia que se poderia fazer sobre a sua boa fé e o seu caráter.
Os ensinamentos helênicos são enfeitados de uma mitologia deliciosa que parece afastar as idéias sérias, o que pode ter de lento em um ensinamento recusado a profanos.
Como nas Índias e no Egito o número de deuses e de semideuses é quase infinito, porém nunca os deuses tiveram a forma e o pensamento mais humano, nunca foram misturados à vida do homem com uma tão doce e tão fraternal familiaridade.
Nas grandes epopéias, os deuses não ficam sobre o seu Olimpo, mas lutam ao lado do seu herói favorito.
Mas, toda esta graça e esta poesia não ocultam senão um esoterismo poderoso, e achamos na Grécia três ciclos iniciáticos colocados sob o nome de três ilustres iniciados: os mistérios de Dionísio, que vêm da Trácia e que são atribuídos a Pitágoras, porém cuja severa doutrina tenta fazer reviver a austeridade Doria: ; os mistérios de Eleusis, de que Platão é a flor ofuscante, porém que nasceram muito antes dele em honra à maternal Demeter.
Certamente, a maioria destes mistérios era tirada de Isis e de Osíris, que vimos no Egito, ainda que se encontre uma parte do gênio pessoal, vindo do sentimento da raça e das lembranças de uma antiga religião autócene; mas para quem sabe ler e escrever, pode ver através dos símbolos e das palavras floreadas e sonoras do poeta, uma mesma idéia, um mesmo pensamento iniciático levou o pensamento do mundo a todos os países, todas as raças, a todos os tempos, com fracas modificações, que provêm dos costumes, certamente mais mutáveis do que as idéias primordiais da humanidade.
Os mistérios gregos decorrem dos mistérios egípcios, isso é inegável; porém, como as coisas são apresentadas diferentemente pelas duas raças tão dessemelhantes!
No Egito, a iniciação toma o aspecto terrível que não é fácil de abordar e de que não teria logo tendência a se afastar, se o desejo da alta ciência não fosse daqueles que fazem bravura de todas as experiências.
Estas experiências, nos santuários do Egito, tornavam o acesso de iniciação quase impossível. A ascese imposta era de uma severidade temível. Tudo era feito para inspirar o terror e afastar o noviço.
Na Grécia, tudo era diferente. Certamente, não se tinha o acesso aos mistérios por uma simples pergunta, e precisava mostrar antes qualidades de força de alma e resistência física.
   Mas, uma vez obtido este resultado, o terror, que nunca tinha existido, desaparecia inteiramente. Todos os poetas gregos que foram iniciados – sobretudo nos mistérios de Eleusis – falam de sua iniciação e de suas festas secretas como da maior alegria da vida. Seu coro de Bem-aventurados nas Rãs de Aristófanes mostra o que era esta alegria.
E os próprios ensinamentos eram enfeitados de todas as graças de arte e entusiasmo. Tudo não era senão festas e jogos no país da beleza. Portanto, os ensinamentos eram os mesmos. Como a iniciação egípcia, o Templo de Delfos ordenava ao adepto a Conhecer-se a si mesmo.
Os mistérios de Orfeu e de Demeter faziam conhecer a certeza das vidas sucessivas e a ascensão do ser que, de luta em luta, chegava a uma pureza cada vez mais perfeita e juntava o grupo dos Olimpos sobre os cumes coroados de sol. Porque a Grécia superabundava de heróis divinizados pelas grandes ações. A barreira entre o céu e a terra não foi franqueada nunca. Mas, antes de poder encarar estas vastas esperanças, é preciso conhecer Deus, compenetra-se de sua grandeza e de sua justiça, ver no Todo Poderoso a imagem da Ordem divinizada.
E este conhecimento de Deus, ordenador da matéria conduzia muito naturalmente ao conhecimento de Deus, sem o qual não poderia haver ordem perfeita.
Na Grécia, país da luz, a lógica é soberana e, ainda que coroado de todas as flores da ficção, ela não se deixa levar pelo perfume delicioso.
Examinaremos sucessivamente o lado exotérico e o lado esotérico. Eles são diferentes, certamente, porém, não muito afastados.  

SAIBA COMO ADQUIRIR O LIVRO ANÁLISE DO RITUAL DE APRENDIZ MAÇOM - REAA. VISITE O SITE: www.pedroneves.recantodasletras.com.br  e veja livros à venda.

Site maçônico (www.pedroneves.recantodasletras.com.br)
Pedro Neves
Enviado por Pedro Neves em 08/09/2008
Alterado em 23/11/2010


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras